just poetry

outra nota de 2008

*


Lançar um livro não é

atirar uma garrafa ao mar.


Lançar um livro não é atender ao grito de socorro

surgido do seio

da selva de pedra.

Lançar um livro

não é apenas mais um aceno

ao ímpeto humano

de narrar.


Lançar um livro

é ato subversivo

é afirmação inconteste de que existo, estou vivo

e me resta alguma esperança na humanidade.


Por isso, talvez


lançar um livro

seja algo quixotesco,

policárpico,

macunaímico.


Mas ainda assim

e mais que tudo

lançar um livro

é um resoluto e indiscutível

anti-suicídio.



*


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