just poetry

porque ainda respiro, porque o sangue circula pelo meu corpo, porque meus cabelos não pararam de crescer, porque minhas unhas não pararam de crescer, porque fecho os olhos e durmo, porque sonho com paisagens desérticas e com um poema de Rimbaud, porque sonho com mulheres sem rosto e pássaros soturnos, porque abro os olhos e desperto, porque me levanto da cama e ando por essa casa estranha e tão familiar, porque meu corpo obedece aos comandos do meu cérebro, porque bebo chá, porque sinto frio, porque saio e caminho pelas ruas de Paris, porque o vento gelado no rosto me agrada, porque o ar frio arde nas narinas e acende os pulmões, porque respiro ainda, e sinto prazer ao respirar, prazer ao caminhar pelas ruas de qualquer cidade, em olhar os rostos de pessoas desconhecidas, em beber chá, em acordar, em dormir e sonhar, porque sinto prazer e júbilo por estar vivo, por isso escrevo esse texto, por isso esse texto existe, e insiste, débil, inútil atestado de vida.

2 comentários:

Tatiana Monteiro disse...

também porque textos assim quando passam a existir podem transformar os outros, mesmo que desconheça isso, porque a arte não é vã para quem a merece, porque as palavras são uma expressão mágica e singela... porque elas nos traduzem e nos curam... nunca mais esqueci que um dia saiu e bebeu a tempestade... insista... por favor insista!

lis rudge disse...

.. Assim que tiver imaginado todas as suas lembranças,seja eu
aquela que sabe estrangulá-lo,
.
.
é assim a vida, e é mesmo muito boa!